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[ Notícia 7619 ]
17/11/2020
Lideranças do Norte Fluminense criticam anúncio da Petrobras de venda de 50% de sua participação no Polo Marlim
Economistas e presidente da ACIC alertam que operação pode gerar mais desemprego Campos e Macaé, que registraram somente nos últimos 4 anos a perda de quase 41.500 postos de trabalho
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2020 – O anúncio feito pela Petrobras nesta segunda-feira (13) do início da etapa de divulgação da oportunidade para a venda de 50% de sua participação nas concessões de Marlim, Voador, Marlim Leste e Marlim Sul, denominadas em conjunto como Polo Marlim, em águas profundas na Bacia de Campos, gerou reações de lideranças empresariais e sindicais e economistas do Norte Fluminense.
Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (ACIC), o empresário Leonardo Castro de Abreu, a empresa privada geralmente vende aquilo que não dá lucro ou se propõem a compartilhar o investimento com outros parceiros, ou seja, com a sociedade. "Na minha visão, o que se apresenta no momento seria justamente isto, uma situação de cessão de 50% num prazo de 32 anos, para justamente manter as garantias de produção com a manutenção de operação. Agora, tudo tem um preço, plataformas serão substituídas por FPSOs, que certamente não irão absorver toda esta mão-de-obra, acarretando mais um impacto na economia, principalmente da nossa região", afirmou Abreu.
Mestre em políticas públicas, estratégia e desenvolvimento pelo Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), economista Ranulfo Vidigal disse que o anúncio faz parte da estratégia de priorizar o investidor detentor de títulos da estatal, em detrimento da visão estratégica nacional de longo prazo que permeia as grandes empresas públicas de óleo e gás. "A busca por lucros de curto prazo pode custar graus de soberania e empregos, notadamente no Norte Fluminense carente de oportunidades produtivas", observou Vidigal.
Na visão do engenheiro e professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Roberto Moraes, segue em velocidade acelerada a desintegração da Petrobras com o fatiamento e o desmonte criminoso de suas unidades de maior valor, que estão sendo vendidas a preço de final de feira, no momento de baixa do preço do petróleo e ativos do setor. "Entrega das unidades que estão prontas, em funcionamento e gerando lucros, para serem controladas pelos fundos financeiros estrangeiros que já comandam outras petrolíferas. Assim, a Petrobras que explorou, descobriu e colocou em produção os gigantes campos e potentes bacias de Campos, Santos e o pré-sal, agora entrega a preço de xepa suas descobertas e seus ativos. E o pior, esses dirigentes criminosos a serviço dos interesses a quem representam, vão assim deixando para a Petrobras a parte mais onerosa que é a de seguir explorando áreas offshore, águas muito profundas, inovando em tecnologias, equipamentos, protocolos e expertise de técnicos, para depois entregarem tudo de bandeja, a preço de xepa, aos fundos financeiros. Isso é crime de lesa-pátria, não há outro nome", criticou Moraes.
"É um absurdo a Petrobras vender ativos lucrativos, que geram emprego e renda para o Norte Fluminense. A atual política de desinvestimentos da companhia tem impacto direto na economia de Campos e Macaé, que, em apenas quatro anos, tiveram quase 41.500 pessoas perdendo seus empregos", afirmou Tezeu Bezerra, coordenador geral do SindipetroNF. Entre 2015 e 2019, foram perdidos 11.598 empregos formais em Campos e 29.868 empregos formais em Macaé, como apontam dados oficiais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho
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