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06/01/2021
Resistência cultural: coletânea literária “Águas d’ilê” nasce em meio à pandemia
Livro, que será lançado no dia 15 de janeiro, reúne 18 contistas de diversas cidades brasileiras, entre eles escritora de Rio das Ostras
Em meio a uma pandemia mundial, sem precedentes, nasce a antologia literária “Águas d’ilê”, inspirada na força feminina e matriarcal negra representada por Oxum. A obra, organizada pela escritora e atriz Cristiane Sobral e pelo artista visual Ricardo Caldeira, reúne narrativas de 18 contistas, com formações diversas e de várias cidades brasileiras. Entre eles, Silvia Carvalho, de Rio das Ostras. O lançamento do livro, do selo editorial Aldeia de Palavras, será no dia 15 de janeiro, em uma live transmitida pelo instagram: www.instagram.com/cristianesobralartista.
A coletânea está dividida em três capítulos. Em cada escrito, transbordam achados interiores, ancestrais que procuram estratégias de bem viver além do cristianismo, do patriarcado e do capitalismo. Os autores discursam sobre afeto, matriarcado, racismo e oralidades no espaço social comum, em sua maior parte a partir de uma perspectiva ancestral africana e indígena.
Com o tema central “Águas d’ilê”, o livro é um convite para que as pessoas mergulhem em histórias e vivências, conforme realça a escritora, organizadora da antologia, Cristiane Sobral “A água abundante na esfera planetária é fonte de vida e de expressão. Como trama essencial aqui ostentamos as águas de ler, com uma pluralidade de vozes necessárias que transcendem silêncios seculares com dignidade, reafirmando equidade para existências vilipendiadas, dignas das primazias terráqueas”.
A capa do livro é de Nelson Inocêncio, artista visual e professor do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Brasília e membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da UnB. O prefácio é de Luana Reis, doutoranda em Literatura na Universidade de Pittsburgh, EUA, ambos pesquisadores em expressões culturais de matrizes africanas em diáspora.
Essa obra é resultado de um curso on-line de formação literária que aconteceu durante a quarentena, conduzido pela escritora e atriz Cristiane Sobral. Paralelamente, os participantes tiveram oficina de apresentação profissional e produção gráfica para escritores, conduzida pelo co-criador e diretor de arte do projeto, Ricardo Caldeira. A produção cultural é de Alyne Lima.
Os integrantes da equipe buscam por meio da linguagem poética provocar a sociedade sobre temas sociais, com destaque a luta contra racismo e valorização das pessoas negras. A arte, neste sentido, se torna também instrumento político e de transformação social.
Os escritos da antologia são dos autores: Alyne Lima (Brasília-DF), Cax Nofre (São Paulo - SP), Cristiane Sobral (Brasília-DF), Denise da Costa (Fortaleza-CE), Gabriela Furtado (Brasília-DF), Joseane Cantanhede (São Luís- MA), Kátia Rocha (Salvador - BA), Letícia Érica Ribeiro (Goiânia - GO), Mirian Bispo (Sobradinho – DF), Patrícia Aniceto (Santos Dumont - MG), Ricardo Caldeira (São Sebastiao - DF), Sarah Muricy (Campo Grande - MS), Sheila Martins (Rio de Janeiro- RJ), Silvia Carvalho (Rio das Ostras - RJ), Tânia Cerqueira ( Salvador- BA), Thalles do Nascimento Castro (Juiz de Fora - MG), Toni Edson (Aracaju-SE) e Viviane Ramiro (Campos dos Goytacazes – RJ).
Obra inaugura selo editorial Aldeia de Palavras
A antologia Águas d’ilê inaugura o selo editorial Aldeia de Palavras, de Cristiane Sobral em parceira com Ricardo Caldeira. Um dos objetivos dessa iniciativa é a inserção de novos escritores e escritoras no mercado das letras. Esse é um movimento simbólico produzido no ano em que Cristiane Sobral comemora os 20 anos da primeira publicação nos Cadernos Negros 23, organizado pelo grupo Quilombhoje Literatura (SP). Na época, estreou com o poema “Não vou mais lavar os pratos”.
“A força motriz do projeto nasceu da necessidade de romper silêncios históricos considerando os caminhos estéticos das escrituras e o compartilhamento de experiências no mercado editorial ainda tão restrito para a população negra e periférica, especialmente para mulheres negras”, ressalta Cristiane Sobral.
Silvia Carvalho
Vive entre rios, caudalosos afetos que a levaram do Rio de Janeiro para Rio das Ostras onde reside. Escritora, poeta desde os 11 anos, contadora de histórias, dinamizadora de oficinas, fundou o grupo Karingana ua Karingana: Ouvindo e contando histórias africanas. Psicóloga, trabalha na UFRJ integra o Projeto de Extensão Minha vida dá um livro. Realizou oficinas e apresentações de poesia e contação de histórias africanas no Brasil, Alemanha e Portugal.
Doutora em Psicossociologia (UFRJ), Mestre em Saúde Pública (Fiocruz/ENSP), Especialista em cultura, história e literaturas Africanas(Espaço Atlântica Educacional/UCB). Premiada no concurso Leia comigo (FNLIJ, 2017), com o conto A moça dos livros. Publicou, em 2010 seu primeiro livro de poemas, Entre ruídos e Silêncios, Ed. Lisboa & Pfeil.
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